"E assim" - continua o Beato D. Columba Marmion, - "quando recebemos Jesus Cristo na sagrada Mesa, podemos contemplá-Lo e entreter-nos com Ele sobre qualquer dos Seus mistérios; conquanto esteja agora na sua vida gloriosa, n'Ele achamos Aquele que viveu para nós e nos mereceu a graça que estes mistérios contêm; vindo a nós, Jesus Cristo comunica-nos esta graça para operar pouco a pouco a transformação da nossa vida na Sua, que é o efeito próprio do sacramento". (...)
"Podemos, por exemplo, unir-nos a Jesus como vivendo "in sinu Patris" (no Pai), igual ao Pai, Deus como Ele; Aquele que adoramos em nós, adoramo-Lo como Verbo co-eterno do Pai, o próprio Filho de Deus, objeto das complacências do Pai. Sim, adoro-Vos em mim, Verbo divino; pela união tão íntima que neste momento tenho convosco, concedei-me a graça de estar também convosco no Pai, agora pela fé, mais tarde na eterna realidade para viver a vida própria de Deus, que é a Vossa vida".
"Podemos adorá-Lo como O adorou a Virgem Maria, quando o Verbo Encarnado vivia nela, antes de vir à luz do mundo. Só no céu saberemos com que sentimentos de respeito e amor a Virgem se prostrava interiormente diante do Filho de Deus que dela tomava a nossa carne".
"Podemos ainda adorá-Lo em nós mesmos, como O teríamos adorado há 20 séculos, na gruta de Belém, com os pastores e os Magos. Comunica-nos então a graça de imitar as virtudes especiais da humildade, pobreza, desprendimento, que n'Ele contemplamos neste estado de Sua vida oculta".
"Se quisermos, será em nós o agonizante que, pelo Seu admirável abandono à vontade do Pai, nos obtém a força para levarmos a nossa cruz de cada dia; será o divino ressuscitado que nos permite desapegar-nos de tudo o que é terreno, "viver para Deus" com mais generosidade e plenitude; será em nós o triunfador que, cheio de glória, sobe aos céus e nos arrasta consigo para lá vivermos desde já pela fé, pela esperança e pelos santos desejos".
"Cristo, assim contemplado e recebido, é Cristo a reviver em nós todos os Seus mistérios, é a vida de Cristo a instilar-se na nossa, a substituir-se a ela com todas as Suas belezas próprias, os Seus méritos particulares e as Suas graças especiais".
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