SAUDAÇÕES E BOAS VINDAS

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO! PARA SEMPRE SEJA LOUVADO!

Caríssimos e amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo! Sêde BEM-VINDOS!!! Através do CATECISMO, das HOMILIAS DOMINICAIS e dos SERMÕES, este blog, com a graça de Deus, tem por objetivo transmitir a DOUTRINA de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só Ele tem palavras de vida eterna. Jesus, o Bom Pastor, veio para que Suas ovelhas tenham a vida, e com abundância. Ele é a LUZ: quem O segue não anda nas trevas.

Que Jesus Cristo seja realmente para todos vós: O CAMINHO, A VERDADE, A VIDA, A PAZ E A LUZ! Amém!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

A FELICIDADE NO SOFRIMENTO

   Obviamente queremos falar da felicidade da alma, e da alma que vive unida a Nosso Senhor Jesus Cristo. Na verdade, os sentidos, amargurados pelos sofrimentos e agruras da vida, não sentirão essa felicidade. Nem, tão pouco, senti-la-ão os que vivem em pecado mortal, ou seja, separados de Jesus. 

   Esta felicidade que a alma sente em sofrer, consiste naquela paz inefável e imperturbável que o espírito conserva mesmo em meio dos maiores sofrimentos. Na definição de Santo Agostinho, a paz é a tranquilidade da ordem. Estamos em ordem com Deus quando fazemos a Sua santíssima vontade. E não cai um cabelo de nossa cabeça sem permissão d'Ele. E para os que amam a Deus, tudo concorre para o bem. Sabendo que tudo vem Deus: ou Ele manda ou permite, ficamos tranquilos. "Deus me deu, Deus me tirou, o que foi do Seu agrado foi feito, seja sempre bendito o Seu nome"! Assim, nos sofrimentos exclama com Jó, a alma que ama a Nosso Senhor Jesus Cristo. 

   Nos santos, a felicidade nos sofrimentos, chegava ao auge, porque pensavam que, sofrendo por amor a Deus, estavam imitando a Nosso Senhor Jesus Cristo. Na verdade, Jesus foi o primeiro a sentir a felicidade de sofrer. Até suspirou pelo momento de sua Paixão: "Com um batismo de sangue tenho de ser batizado e como trago o coração oprimido até não ver isto realizado!" (São Lucas XII, 50). Rejubilava perante a ideia de vingar, com sua Paixão, a honra lesada de seu Pai e contava, um por um, todos os pecadores arrependidos, todos os filhos extraviados, que, um dia, reconduziria a seus pés. E esta alegria fazia Jesus aceitar, de bom grado, as horríveis torturas a que se ia sujeitar. É evidente que mesmo em Jesus, esta alegria não diminuía a agudeza dos sofrimentos. No Horto das Oliveiras exclamou: "Ó Pai, não se faça a minha vontade, mas a vossa". Eis o modelo do verdadeiro cristão!

  Depois de Jesus, o nosso modelo é também Nossa Senhora. Via o Seu Filho crescer diante dos seus olhos e sabia pelas Sagradas Escrituras que estava destinado a ser, um dia, imolado num patíbulo infame, mergulhado num oceano de opróbrios e amarguras. E aceitou com amor este amargo cálice; bebeu-o com imensa dor, é certo, mas também com perfeita paz do coração e inteira adesão à vontade do Pai celestial.  Mas onde poderia estar em todo este sofrimento, a felicidade? Sim, a Virgem Mãe Imaculada se alegrava em poder, com Jesus e por Jesus, gerar, para a vida da graça e felicidade eterna, milhares e milhares de pecadores. 

  Os santos, portanto, não fizeram outra coisa senão imitar a Jesus e a Maria Santíssima. Levaram o seu amor a Jesus ao ponto de desejarem a cruz e os desprezos com o mesmo afinco com que os mundanos procuram os prazeres.  É claro que este amor da cruz é escândalo e loucura para os mundanos; para os santos, porém, é felicidade e sabedoria. 

  Se vemos o heroísmo dos mártires, também sabemos que as almas que jamais entenderam nem o sentido dos sofrimentos do Salvador nem o fim altíssimo da cruz, abandonam a Jesus e atraiçoam-no na hora do perigo. Por uma fumaça de honra, por uma moeda, por um prazer momentâneo, muitos abandonam a Jesus. 

  Assim, quem não ama verdadeiramente a Jesus, está sempre num perigo pendente de, a qualquer momento, abandonar o Divino Mestre, envergonhar-se da Sua Doutrina. Por exemplo, numa crise e perseguição religiosa, cristãos frios e fracos no amor a Jesus Crucificado, voltam atrás. Ficamos até sem saber explicar como pessoas podem mudar completamente o seu rumo em relação a Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas a explicação é a falta de amor a Cristo Crucificado. Assim, o que hoje aparece agradável a tais pessoas,   isto é que deve ser aceito. Terminam forjando argumentos para provar que é certo e santo o que antes provavam que era errado e mau. Infelizmente empregam sua inteligência em tarefa tão inglória!!!

  Tudo indica, que, talvez num futuro não longo, teremos a consciência torturada diante de ordens que venham claramente contra os seus ditames. E aí, temos que pedir mais do que nunca os dons do Divino Espírito Santo e a proteção de Nossa Senhora. E uma coisa é certa: Não há perigo de erro quando se segue a Sagrada Tradição também na interpretação das Sagradas Escrituras. Seguir o que a Santa Igreja sempre ensinou e rejeitar as profanas novidades. Oração! Oração! Oração! Penitência! Penitência!Penitência!

  Caríssimos, não sou profeta de desgraças; apenas não quero ser cego voluntário. Não estamos em tempos normais; estamos numa crise sem precedentes dentro da Igreja. Há, mais do que no tempo de Paulo VI, uma autodemolição da Igreja. Não a fumaça de Satanás, mas o próprio penetrou na Igreja. Continuemos, porém,  felizes em poder sofrer por amor a Nosso Senhor Jesus Cristo! Confiança! "Ó pequenino rebanho, tem confiança, eu venci o mundo" disse Jesus. "Por fim, meu Imaculado Coração triunfará" disse Maria Santíssima. Confiança, portanto, e até, alegria porque tudo indica que teremos que sofrer mais ainda por amor a Jesus Cristo. Seremos entregues por nossos próprios pais! 

terça-feira, 25 de novembro de 2014

LIBERDADE DE PERDIÇÃO

   Excertos da Encíclica "QUANTA CURA" e "SYLLABUS" de Pio IX. 

   "Sabeis muito bem, Veneráveis Irmãos, que em nossos dias não poucos há que, aplicando à sociedade civil o ímpio e absurdo naturalismo, se atrevem a ensinar 'que a razão de ser da vida pública e o próprio progresso civil requerem que a sociedade humana se constitua e governe sem preocupar-se em nada com a religião, como se ela nem existisse, ou, pelo menos, sem fazer distinção alguma entre as religiões falsas e a verdadeira'. E, indo de encontro à doutrina das Sagradas Escrituras e dos Santos Padres, não duvidam em afirmar que 'a melhor condição da sociedade civil é aquela em que não se reconhece ao poder civil autoridade para coartar com sanções os violadores da religião católica, sempre que a paz pública o não exigir'. E partindo dessa falsa ideia social, seus propagadores não temem em fomentar a opinião, desastrosa para a Igreja Católica e a salvação das almas, denominada por Nosso Predecessor, de feliz memória, de 'loucura' ("Mirari Vos"), de que 'a liberdade de consciência e de cultos é direito próprio e inalienável do indivíduo, que há de proclamar-se nas leis e estabelecer-se em todas as sociedades retamente constituídas; de que aos cidadãos assiste o direito de toda liberdade sem que a lei eclesiástica ou civil a possa reprimir, liberdade para manifestar ou declarar publicamente qualquer ideia, já pela palavra, já pela imprensa, ou por outra via qualquer'. E não se apercebem de que, enquanto pensam e excogitam todas estas coisas, estão pregando as 'liberdades de perdição' (Santo Agostinho, epístola 105, al, 166) e que, 'se é sempre livre disputar das coisas humanas, nunca hão de faltar os que irão além da verdadeira sabedoria, confiados em sua loquacidade natural, cônscios, como se sabe, de que modo se há de evitar, para o bem da fé e da sabedoria cristã, essa perniciosíssima maneira de sentir, segundo determinou o mesmo Cristo Senhor' (São Leão, Epístola 14, a. 133). 

   Excertos do Sílabo contendo alguns erros condenados aí por Pio IX e por muitos de seus predecessores: 

   4º - 'Todas as verdades da religião derivam da força natural da razão humana, e por isso a mesma razão é a principal norma pela qual o homem pode e deve chegar ao conhecimento de todas as verdades de qualquer gênero que sejam'. 

   Este erro foi condenado também nas Encíclicas: 'Qui pluribus', de 9/ 11/ 1846.
                                                                                    'Singulari quidem', de 17 /03/ 1856.
                                                                                    'Maxima quidem', de 09/ 06/ 1862. 

   15º - 'É livre a qualquer abraçar e professar aquela religião que ele, guiado pela luz da razão, julgar verdadeira'.

   Este erro foi condenado também nas Letras Apostólicas: 'Multiplices inter', de 10/ 09/ 1851.
                                                                                         Aloc. 'Maxima quidem, de 09/ 06/ 1862. 

   16º - 'No culto de qualquer religião podem os homens achar o caminho da salvação eterna e alcançar a mesma eterna salvação'.

   Este erro foi condenado também na Encíclica: 'Qui pluribus', de 09/ 11/ 1846.
                                                            Alocuções : 'Ubi primum', de 17/ 12/ 1847.
                                                                                'Singulari quidem', de 17/ 03/ 1856. 

   17º - 'Pelo menos deve-se esperar bem da salvação daqueles todos que não vivem na verdadeira Igreja de Cristo'. 

   Este erro foi condenado também na Alocução: 'Singulari quadam', de 19 / 12/ 1863. 
                                                               Encíclica:  'Quanto conficiamur', de 17/ 08/ 1863. 

   80º - 'O Pontífice Romano pode e deve conciliar-se e transigir com o progresso, com o Liberalismo e com a Civilização moderna'. 

   Este erro foi condenado também pela Alocução: 'Jandudum cernimus', de 18/ 03/ 1861. 

   

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

POBREZA E HUMILDADE

   Excertos da CARTA PASTORAL sobre problemas do apostolado moderno (1953) escrita por D. Antônio de Castro Mayer, de santa memória. 

             Sentença falsa ou ao menos perigosa:
  • "Jesus Cristo pregou a pobreza e a humildade, a preferência pelos fracos e pequenos. Uma sociedade imbuída deste espírito deve eliminar as desigualdades de fortuna e de condição social. As reformas políticas e sociais decorrentes da Revolução Francesa foram, conscientemente ou não, de inspiração evangélica, concorrendo para realizar uma sociedade verdadeiramente cristã". 
          Sentença certa:
  • "Jesus Cristo pregou o espírito de pobreza e humildade, a preferência pelos fracos e pequenos. Por pobreza, a Igreja entende o desapego dos bens da terra, ou seja, um tal emprego dos mesmos, que sirvam para a salvação da alma e não para sua perdição. Assim, nunca ensinou que ser rico é intrinsecamente mau; mas que tão somente é mau fazer uso desordenado da riqueza. Por humildade a Igreja entende o fato de o fiel reconhecer que nada tem de si e tudo recebeu de Deus, e de se situar no lugar que lhe compete. A existência de classes sociais é, pois, condição para a prática da virtude e da humildade. Quanto à preferência pelos fracos e pelos pequenos, seria impossível numa sociedade em que todos fossem iguais. A Revolução Francesa, na medida em que tendeu para a completa igualdade política, social e econômica, na sociedade ideal sonhada pelos seus fautores, foi um movimento satânico, inspirado pelo orgulho".
EXPLANAÇÃO

   Por certo, as desigualdades quer no domínio político, quer no social ou econômico têm por vezes sido iníquas, e isto por dois motivos principais: ou porque essas desigualdades eram ilegítimas, e mero fruto da opressão; ou porque se acentuavam tanto que negavam a dignidade natural do homem, ou os meios para viver sadia e honestamente. Um exemplo frisante de desigualdade exagerada é a sorte duríssima e imerecida a que, no século XIX, foram lançados os operários em consequência da revolução industrial (Pio XI, "Quadragesimo anno", A.A.S. 23, p. 195, 197/8). Ao contrário do que se tem dito, a Igreja tem cumprido seu dever de lutar contra essa situação. Mas, em tal luta, seu objetivo é uma sociedade hierárquica dentro dos limites da ordem natural. Nunca a abolição de todas as desigualdades legítimas, sonhada pelos revolucionários e na qual se empenham a ação da Maçonaria e outros fatores (cf. Pio XII, Alocução do Natal de 1944, A.A. S. 37, p. 14).

terça-feira, 28 de outubro de 2014

IGREJA CATÓLICA: Obra de Deus

   A Sagrada Escritura, ou seja, Deus Espírito Santo declara no Livro do Gêneses I, 31 que ao criar todas as coisas, Deus viu que tudo era muito bom. Em toda Santa Missa o celebrante reza no "Lavabo": Ó Deus, que maravilhosamente criastes a dignidade da natureza humana e mais prodigiosamente ainda a reformastes". Como obra externa, a mais extraordinária que Deus fez é o Mistério da Encarnação para Redenção do gênero humano. Não podia o Nosso Pai do Céu conceder-nos maior benefício nem de mais duradouras consequências que o de nos dispensar o dom da sua própria natureza divina por meio da graça santificante. 

   Ouçamos o primeiro Papa, o Apóstolo São Pedro: "Assim como o Seu divino poder nos deu todas as coisas que dizem respeito à vida e à piedade, por meio do conhecimento d'Aquele que nos chamou pela sua glória e virtude, (assim também) por Ele mesmo nos deu as maiores e mais preciosas promessas, a fim de que por elas vos torneis participantes da natureza divina..." II Pedro I, 3 e 4). 

   Pois bem! para comunicar às almas a Sua própria vida divina e nelas realizar o seu maravilhoso desenvolvimento, Deus Pai encarregou seu Filho, Jesus Cristo, de instituir a Igreja, que, por isto mesmo, é una, santa, católica e apostólica. A Igreja de Deus é uma só. As seitas são fruto do orgulho humano insuflado pelo demônio.

   A Igreja, essa Mãe mil vezes bondosa e previdente, que vela o berço de todos e cada um de seus filhos, protege a vida sobrenatural que lhes conferiu, sustenta-os, mais tarde, nos duros combates da vida e ajuda-os, finalmente, a transpor o limiar que separa o tempo da eternidade. Para tanto, Deus confiou à Igreja os sete sacramentos. E só a Igreja Católica, criada por Deus, tem todos os sacramentos. E Nosso Pai do Céu, na sua bondade, pensou em todas as almas que viveriam um dia sobre a face da terra, contanto que elas quisessem aproveitar o benefício da Redenção. 

   Durante a Última Ceia, Nosso Senhor Jesus Cristo, no momento solene em que ia dar princípio ao drama da sua Paixão, dirigiu a seu eterno Pai esta impressionante oração: "Eu não vos rogo unicamente por meus discípulos, mas por todos aqueles que, um dia, pela sua palavra, crerão em mim, para que todos sejam juntamente uma só e mesma coisa; como Vós, Meu Pai, estais em mim e eu em Vós, assim sejam eles uma mesma coisa conosco" (S. João XVII, 20 e 21). Ao deixar este mundo e voltar para o Céu, o Filho de Deus Humanado, Imolado e Ressuscitado, não deixou a Santa Igreja, sua Esposa, que conquistou a preço de seu sangue, ao desamparo: "Tu és Pedro [que quer dizer pedra] e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (S. Mateus XVI, 18). Antes de começar a sua Paixão, Jesus disse: "Simão, Simão, Satanás pediu para vos fazer passar pela joeira da tentação, como pelo crivo passa o trigo; Eu, porém, intercedi para que não chegue a faltar a tua fé. Cuida, então, depois da tua conversão, de confirmar na fé os teus irmãos" (S. Lucas XXII, 31 e 32). 

   Escravos das suas paixões, os homens revoltar-se-ão contra os princípios da moral imposta por Jesus Cristo. Nações inteiras sacudirão o jugo desta austera doutrina dos costumes cristãos. Contudo, jamais, chegarão a abalar a Igreja nem a farão retroceder. Sempre ficará uma parte sã: esta é a Católica. Nenhum poder humano, nenhuma violência, astúcia ou perseguição conseguirão no futuro, fazer com que a Igreja fracasse na sua divina missão. Pois, Deus Todo-Poderoso, ama a Sua Igreja, que é una, santa, CATÓLICA e Apostólica. Por vontade de Nosso Senhor Jesus Cristo, a sede de São Pedro e de seus sucessores foi Roma. Por isso, ela é chamada também de Romana. 

   Esta crise sem precedentes por que passa a Santa Madre Igreja será talvez a mais evidente prova de que ela  (a Igreja) é obra Divina, e de que Deus não abandona a Sua obra. Como diz São Pio X na "Pascendi", se fosse possível, os modernistas destruiriam a Igreja pelos fundamentos. Sendo, porém, divina, isto não é possível. Por fim a Igreja triunfará, porque é obra de Deus.  Amém!

   Asia Bibi caríssima, permaneça firme na Fé, morra filha da Santa Igreja, porque a Igreja Católica é a única verdadeira porque é obra de Deus e não de homens mortais e pecadores.

sábado, 11 de outubro de 2014

A SANTA MISSA: PARAMENTOS, LÍNGUA, CERIMÔNIAS

   "A Santa Igreja, no culto divino, emprega uma língua não vulgar, bem como vestes especiais e ritos simbólicos privativos do celebrante.
   A razão é que os atos do culto divino devem manifestar, nos gestos e nas palavras de que consta, a excelência singular de Deus, o mistério de sua natureza oniperfeita. E o fato de pedir Ele uma pessoa sagrada, retirada do meio do povo, para votar-se exclusivamente ao serviço divino; o ato de envolver-se em circunstâncias que claramente indicam tratar-se de um ato inteiramente diferente daqueles próprios de vida quotidiana, com língua e trajes especiais, elevam as almas à consideração de que Deus é Altíssimo e não pode confundir-se com as criaturas por mais elevadas que sejam.
   E não se diga que a Encarnação do Verbo aproximou o homem da divindade. É evidente que a Encarnação demonstra a Bondade misteriosa e inefável de Deus, que, assim, como que associou a natureza humana à sua vida trinitária. Não se pense, no entanto, que semelhante Misericórdia tenha diminuído a Majestade infinita de Deus, ou tenha dispensado os homens do reconhecimento da Soberania absoluta que o Altíssimo mantém sobre todas as criaturas, bem como do mistério que envolve Sua natureza, e que os homens reconhecem nos seus atos de culto.
   Tais considerações, que se fundam na ordem natural das coisas, tanto que se verifiquem  mesmo nos cultos supersticiosos, reconheceu-as a Igreja desde os tempos apostólicos. É o que declara o Concílio Tridentino, ao manter os ritos, as cerimônias e os paramentos usuais na celebração da Santa Missa; bem como ao proibir a língua vulgar no Sacrifício Eucarístico. (Ses. XXII,c. 5 e 8)"
                               PASTORAL DE D. ANTÔNIO DE CASTRO MAYER SOBRE O SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA).

CONCÍLIO VATICANO II: Extraído da Constituição sobre a Sagrada Liturgia:
   Nº 36, § 1. Salvo direito particular, seja conservado o uso da Língua Latina nos ritos latinos.

  Nº 54 ... providencie-se que os fiéis possam juntamente rezar ou cantar em língua latina as partes do Ordinário que lhes compete.

   Nº 116. A Igreja reconhece o canto gregoriano como próprio da liturgia romana. Portanto, em igualdade de condições, ocupa o primeiro lugar nas ações litúrgicas.

   "Na Igreja Ocidental e nas por esta fundadas, o latim foi sempre considerado pelos fiéis como a língua da Igreja. Viam eles no latim o envólucro sagrado de um mistério sagrado. No latim admiravam a unidade da Igreja que congraçava na mesma língua os povos mais distantes pelos usos, costumes e idiomas. Atendendo a todas estas razões, e a outras mais que foram expostas nas Congregações gerais do Concílio, a Constituição sobre a Sagrada Liturgia mandou que se conservasse o uso do latim nos ritos litúrgicos da Igreja latina. Tendo em vista, no entanto, o eventual benefício dos fiéis, permitiu o uso do vernáculo em várias partes dos ritos sagrados, especialmente nas lições, admoestações, em algumas orações e cânticos. (Constituição Sac. Conc. nº 36 §§ 1 e 2). O que vale também do Sacrossanto Sacrifício da Missa. Manda, porém, o Concílio que se providencie a que o fiel possa dizer ou cantar também em latim as partes do Ordinário da Missa que lhe competem (nº 54). ( CARTA PASTORAL DE D. ANTÔNIO DE CASTRO MAYER de 1966.

   CONCÍLIO DE TRENTO - Sessão XXII - nº 956, cânon 9: "Se alguém disser... que a Missa se deve celebrar somente em língua vulgar, ... seja excomungado.
  Pelas palavras que sublinhei entendemos que não é excomungado quem disser que a Missa pode também,  às vezes, ser celebrada em língua vulgar.    

   Beato João XXIII: "A língua da Igreja deve ser não somente universal, mas imutável. O latim é a língua viva da Igreja". ( Constituição Apostólica "Veterum Sapientia").

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

COMUNHÃO DAS CRIANÇAS

   As páginas do Evangelho nos dão muitas provas do grande afeto com que Jesus amou as criancinhas. Eram suas delícias entreter-se com elas; impunha-lhes as mãos e abençoava-as. Quando os Apóstolos, certo dia, não queriam deixar que as crianças se aproximassem de Jesus, Este lhes disse: "deixai vir a mim os pequeninos, e não os proibais; deles é o reino dos céus!" Quanto apreciava a sua inocência e candura, mostra-o bem no dia em que, chamando um menino, diz aos discípulos: "Na verdade Eu vos digo, se não vos fizerdes como este menino, não entrareis no reino dos céus. Todo aquele que se fizer humilde como este menino, é o maior no reino dos céus. E aquele que receber um menino em meu nome, é a mim que recebe".

  IDADE.  Não se deve administrar a Eucaristia a crianças que, devido sua incapacidade de idade, ainda não podem compreender e desejar este sacramento. Mas, logo que chegar ao uso da razão, a criança poderá comungar. Assim como para a Confissão a idade do uso da razão é aquela em que se pode distinguir  o bem do mal, assim para a Comunhão, é aquela em que se pode distinguir o Pão Eucarístico do pão comum.
   Normalmente, a criança atinge o uso da razão, pelos sete anos mais ou menos. Contudo, há crianças precoces e outras que demoram mais a ter o uso da razão.

   DISPOSIÇÕES:
   A - Para a Primeira Comunhão não é necessário um conhecimento perfeito e completo da Doutrina Cristã. Isto se fará depois, gradualmente, conforme a inteligência da criança.
   Vamos distinguir dois casos:
   1- Em perigo de morte - para que se possa administrar a Santíssima Eucaristia às crianças, basta que saibam distinguir do pão comum o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo e a Ele desejar e reverentemente adorar.
  2 - Fora do perigo de morte. Com razão se exige maior conhecimento da Doutrina Cristã e melhor preparação, isto é, que conheçam, quanto lhes é possível, ao menos os principais mistérios da fé, as verdades mais necessárias à salvação e se aproximem da Santíssima Eucaristia com o fervor e devoção que pode haver nesta idade.

   B - Compete aos pais ou responsáveis pelas crianças e também aos vigários zelar para que as crianças façam a Primeira Comunhão assim que atinjam o uso da razão. Os padrinhos de batismo e de crisma também têm esta obrigação. O Vigário deve verificar, até por meio de um exame, se achar conveniente, as disposições e os conhecimentos da criança. Feita a Primeira Comunhão, os pais e vigários devem induzir as crianças a continuar a assistir ao Catecismo e a comungar com freqüência.

Propósitos que São Domingos Sávio tomou e escreveu na manhã de sua Primeira Comunhão:
   1º - Confessar-me-ei com freqüência e farei a Comunhão todas as vezes que o confessor me der licença.
   2º - Quero santificar os dias de festa.
   3º - Os meus amigos serão: JESUS  e  MARIA.
   4º - Quero a morte, mas não o pecado.

   ''A MINHA PRIMEIRA COMUNHÃO HÁ DE ME ESTAR SEMPRE PRESENTE À MEMÓRIA, COMO RECORDAÇÃO SEM NUVENS. CREIO QUE NÃO PODERIA TER MELHORES DISPOSIÇÕES." (Santa Teresinha do Menino Jesus - História de uma alma).  

sábado, 4 de outubro de 2014

S. FRANCISCO DE ASSIS: Palavras de Santa Exortação a Todos os Irmãos - ( I )

Observação: Esta coletânea sapiencial é um conjunto de breves exortações feitas por São Francisco talvez em dias diferentes e, mais tarde, reunidas e coordenadas segundo determinados verbetes. Provavelmente essa compilação já foi feita em vida do Santo. São frases tão simples, mas prenhes de profunda sabedoria da vida. Representam marcos inconfundíveis para uma doutrina franciscana sobre a virtude ou para uma ascética no espírito do "Poverello". 

   Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 
   Estas são as palavras de santa exortação de nosso reverendo Pai São Francisco a todos os irmãos.

   1. Do Corpo do Senhor

   Disse o Senhor Jesus aos seus discípulos: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém chega ao Pai senão por mim. Se me reconhecêsseis conheceríeis também o Pai. Doravante o conheceis porque o vistes, Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta. Jesus respondeu-lhe: "Há tanto tempo estou convosco e não me conheceis? Filipe, quem me vê, vê também meu Pai" (Jo 14, 6-9).
   "O Pai habita numa luz inacessível" ( 1 Tim 6, 16), e: "Deus é um espírito" (Jo 4, 26) e "ninguém jamais viu a Deus (Jo 1, 18). Se Deus é espírito, só em espírito pode ser visto; pois "o espírito é que dá a vida, a carne não aproveita para nada" (Jo 6,63).
   Mas também o filho, em sendo igual ao Pai, não pode ser visto por alguém de modo diferente que o Pai e o Espírito Santo. Por isso são réprobos todos aqueles que viram o Senhor Jesus Cristo em sua humanidade sem enxergá-lo segundo o espírito e a divindade e sem crer que Ele é o verdadeiro Filho de Deus. De igual modo são hoje em dia réprobos todos aqueles que - embora vendo o sacramento do Corpo de Cristo que, pelas palavras do Senhor, se trona santamente presente sobre o altar, sob as espécies de pão e vinho, nas mãos do sacerdote - não olham segundo o espírito e a divindade nem creem que se trata verdadeiramente do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Atesta-o pessoalmente o Altíssimo quando diz: "Este é o meu Corpo e o Sangue da nova Aliança" (cf. Mc 14, 22; e: "Quem comer a minha carne e beber o meu sangue terá a vida eterna" (cf. Jo 6, 55). 
   Por isso é o espírito do Senhor que habita nos seus fiéis quem recebe o santíssimo Corpo e Sangue do Senhor (cf. Jo 6, 62). Todos aqueles que não participam desse espírito e no entanto ousam comungar, "comem e bebem a sua condenação" (1 Cor. 11, 29).
   Portanto, "ó filhos dos homens, até quando tereis duro o coração?" (Sl 4, 3). Por que não reconheceis a verdade "nem credes no Filho de Deus" (Jo 9, 35)? Eis que Ele se humilha todos os dias (Fil 2, 8; tal como na hora em que, "descendo do seu trono real" (Sab 18, 5) para o seio da Virgem, vem diariamente a nós sob aparência humilde; todos os dias desce do seio do Pai sobre o altar, nas mãos do sacerdote. E como apareceu aos santos apóstolos em verdadeira carne, também a nós se nos mostra hoje no pão sagrado. E do mesmo modo que eles, enxergando sua carne, não viam senão sua carne, contemplando-o contudo com seus olhos espirituais creram nele como no seu Senhor e Deus (cf. Jo 20, 28), assim também nós, vendo o pão e o vinho com os nossos olhos corporais, olhemos e creiamos firmemente que está presente o santíssimo Corpo e Sangue vivo e verdadeiro. E desse modo o Senhor está sempre com os seus fiéis, conforme Ele mesmo diz: "Eis que estou convosco até a consumação dos séculos" (Mt 28, 20). 

NB.: A matéria será distribuída em 6 posts. 

S. FRANCISCO DE ASSIS: Palavras de Santa Exortação a Todos os Irmãos - ( II )

   2. Do Vício da Própria Vontade


 Disse o Senhor a Adão: "Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal" (Gn 2, 16-17). Podia, pois, Adão comer de toda árvore do paraíso e, enquanto nada fazia contra a obediência, não pecava. Come, porém, da árvore da ciência do bem e do mal aquele que reclama sua vontade como propriedade sua e se vangloria dos bens que o Senhor diz e opera nele. Assim, atendendo às sugestões do demônio e transgredindo o mandamento, foi-lhe dado o pomo da ciência do mal. Por isso tem que suportar necessariamente o castigo.

   3. Da Obediência Perfeita

   Diz o Senhor no Evangelho: "Quem não renuncia a todos os seus bens não pode ser meu discípulo" (Lc 14, 33), e: "Quem quiser salvar sua alma, perdê-la-á" (Mt 16, 25). Abandona tudo quanto possui e perde sua vida, aquele que a si mesmo abandona inteiramente à obediência nas mãos do seu prelado. E tudo o que faz e diz, sabendo que não contraria a vontade dele, e sendo bom o que faz, é obediência verdadeira. E se acaso o súdito vê algo melhor e mais útil à sua alma do que aquilo que o prelado lhe ordena, sacrifique a Deus o seu conhecimento, se aplique com firmeza a cumprir as ordens do prelado, pois nisto é que consiste a verdadeira obediência feita com amor, que agrada a Deus e reverte a bem do próximo. 

   Entretanto, se o prelado der ao súdito alguma ordem contrária à alma, este todavia não se separe dele, embora não lhe seja lícito obedecer-lhe. E se por esse motivo tiver de suportar perseguições da parte de alguém, que então o ame ainda mais por amor de Deus. Pois aquele que prefere aturar perseguições a querer ficar separado de seus irmãos, permanece verdadeiramente na perfeita obediência, porque "dá a sua vida pelos seus irmãos" ( Jo 15, 13).

   Há efetivamente muitos religiosos que, sob o pretexto de verem coisas preferíveis às que os prelados ordenam, "olham para trás" (Lc 9, 62) e "voltam ao vômito de sua vontade própria" (Prov 26, 11). Esses tais são homicidas e, por seus exemplos funestos, causam a perdição de muitas almas. 

   4. Que Ninguém Considere como Propriedade sua o Cargo de Prelado

   "Não vim para ser servido mas para servir" (Mt 20, 28), diz o Senhor. Os que estão constituídos sobre os outros não vangloriem dessa superioridade mais do que se estivessem encarregados de lavar os pés aos irmãos. E se a privação do cargo de superior os perturbará mais que a privação do encargo de lavar os pés, amontoariam para si tanto mais riquezas com perigo para sua alma. 

S. FRANCISCO DE ASSIS: Palavras de Santa Exortação a Todos os Irmãos - ( III )

   5. Que Ninguém se Ensoberbeça, mas antes se Glorie na Cruz do Senhor

 
 Considera, ó homem, a que excelência te elevou o Senhor, criando-te e formando-te segundo o corpo à imagem do seu dileto Filho e, segundo o espírito, à sua própria semelhança. Entretanto, as criaturas todas que estão debaixo do céu, a seu modo servem e conhecem e obedecem ao seu Criador melhor do que tu. Não foram tampouco os espíritos malignos que o crucificaram, mas tu em aliança com eles o crucificaste e o crucificas ainda, quando te deleitas em vícios e pecados. 
   De que, então, podes gloriar-te? Mesmo que fosses tão arguto e sábio a ponto de possuíres toda a ciência, saberes interpretar toda espécie de línguas e perscrutares engenhosamente as coisas celestiais, nunca deverias gabar-te de tudo isso, porquanto um só demônio conhece mais das coisas celestiais e ainda agora conhece mais as da terra que todos os homens juntos, a não ser que alguém tenha recebido do Senhor um conhecimento especial da mais alta sabedoria. Do mesmo modo, se fosses mais belo e mais rico que todos, e até operasses maravilhas e afugentasses os demônios, tudo isso seria estranho a ti nem te pertenceria nem disto te poderias desvanecer. Mas numa só coisa podemos "gloriar-nos: de nossas fraquezas" (2 Cor 12, 5), e encarregando dia a dia a santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.

   6. Da Imitação de Cristo

   Consideremos todos, meus irmãos, o Bom Pastor que, para salvar suas ovelhas, sofreu a paixão da Cruz. As ovelhas do Senhor seguiram-no na tribulação, na perseguição, no opróbrio, na fome e na sede, na enfermidade, na tentação e em todo o mais e receberam por isso do Senhor a vida eterna. É pois uma grande vergonha para nós outros servos de Deus, terem os santos praticado tais obras, e nós querermos receber honra e glória somente por contar e pregar o que eles fizeram. 

   7. Que à Inteligência deve Seguir a boa Ação

   Diz o Apóstolo: "A letra mata, mas o espírito vivifica" (2 Cor 3, 6). São mortos pela letra os que tão somente querem saber as palavras, afim de parecer mais sábios que os outros e poder adquirir grande riquezas e dá-las aos parentes e amigos. São ainda mortos pela letra aqueles religiosos que não querem seguir o espírito das Sagradas Escrituras, mas só se esforçam por saber as palavras e interpretá-las aos outros. São porém vivificados pelo espírito das Sagradas Escrituras aqueles que tratam de penetrar mais a fundo em cada letra que conhecem, nem atribuem o seu saber ao próprio eu, mas pela palavra e pelo exemplo o restituem a Deus, seu supremo Senhor, ao qual todo bem pertence. 

   8. Do Pecado da Inveja a Evitar

   Diz o Apóstolo: "Ninguém pode dizer: 'Jesus é o Senhor', senão no Espirito Santo" (1 Cor 12, 3), e: "Não há quem faça o bem, não há sequer um só" (Rom 3, 12). Todo aquele , pois, que tem inveja do seu irmão por causa do bem que o Senhor por ele diz e faz, comete pecado de blasfêmia, porque tem inveja do próprio Altíssimo, que é quem diz e faz todo bem. 

   9. Da Caridade
   Diz o Senhor: "Amai os vossos inimigos", etc. (Mt 5, 44). Ama verdadeiramente o seu inimigo aquele que não se contristar pela injúria dele recebida, mas por amor de Deus se afligir com o pecado que está na alma dele, e por meio de obras lhe manifesta sua caridade. 

S. FRANCISCO DE ASSIS: Palavras de Santa Exortação a Todos os Irmãos - ( IV )

  10. Da Disciplina do Corpo

   Há muitos que, pecando ou recebendo alguma injúria, costumam lançar a culpa sobre o inimigo ou sobre o próximo. Ma assim não é na realidade, porquanto cada um tem sob o seu domínio o inimigo, isto é, o próprio corpo, por meio do qual ele peca. Feliz, pois, o servo (Mt 24, 46) que, de contínuo, trouxer tal inimigo sob o seu jugo e dele prudentemente se acautelar. Porque, enquanto assim agir, nenhum outro inimigo visível ou invisível lhe poderá fazer mal.

   11. Que Ninguém se Deixe Seduzir pelo mau Exemplo de Outrem

   Ao servo de Deus nada deve desagradar senão o pecado. Mas se uma pessoa pecasse de qualquer forma que seja, e o servo de Deus ficasse por isso perturbado e enraivecido - a não ser por caridade - "entesouraria riquezas" (Rom 2, 5) de culpa para si. Vive realmente sem nada de próprio aquele servo de Deus que não se enraivece nem perturba por causa de ninguém. E bem-aventurado aquele que nada retêm para si, mas dá a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" (Mt 22, 21).

   12. De como se Reconhece o Espírito do Senhor

   Eis o meio de reconhecer se o servo de Deus tem o espírito do Senhor: Se Deus por meio dele operar alguma boa obra, e ele não o atribuir a si, pois o seu próprio eu  é sempre inimigo de todo bem, mas antes considerar como ele próprio é insignificante e se julgar menor que todos os outros homens. 

   13. Da Paciência

   O servo de Deus não pode conhecer em que medida possui a paciência e a humildade, enquanto se sentir  satisfeito em tudo. Quando porém vier o tempo em que o contrariarem os que deveriam andar conforme os seus desejos, então, quanta paciência e humildade ele manifestar, tanta terá e nada mais.

   14.  Da Pobreza de Espírito

   Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus" (Mt 5, 3). Muitos há que são zelosos na oração e no culto divino, e praticam muito a abstinência e a mortificação corporal. Ma por causa de uma única palavra que lhes pareça ferir o próprio eu ou de alguma coisa que se lhes tire, logo se mostram escandalizados e perturbados. Estes não são pobres de espírito, pois quem é deveras pobre de espírito odeia a si mesmo (cf. Lc 14, 26; Jo 12, 25) e ama aos que lhe batem na face (Mt 5, 39).

   15. Da Paz

   "Bem-aventurados os pacíficos, porque eles serão chamados filhos de Deus" (Mt 5,9). São verdadeiramente pacíficos os que, no meio de tudo quanto padecem neste mundo, se conservam em paz, interior e exteriormente, por amor de Nosso Senhor Jesus Cristo. 

   16. Da Pureza de Coração

   "Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus" (Mt 5,8). Têm o coração puro os que, desprezando as coisas terrenas, procuram as celestiais e, de coração e espírito puros, não cessam de adorar e de ver sempre o Deus vivo e verdadeiro. 

S. FRANCISCO DE ASSIS: Palavras de Santa Exortação a Todos os Irmãos - ( V )

   17. Do Servo de Deus Humilde

   "Bem-aventurado o servo" (Mt 24, 46) que não se envaidece com o bem que o Senhor diz e opera por meio dele mais do que com o que o Senhor diz e opera por meio de outrem. Peca o homem que exige do seu semelhante mais do que ele mesmo daria de si ao Senhor seu Deus.

   18. Da Paciência para com o Próximo

   Bem-aventurado o homem que suporta o seu próximo com suas fraquezas tanto quanto quisera ser suportado por ele se estivesse na mesma situação. Bem-aventurado o servo que restitui todos os seus bens ao Senhor seu Deus; porquanto, quem para si retém alguma coisa  "esconde o dinheiro do seu amo" (Mt 25, 18), e "o que julgava possuir ser-lhe-á tirado" (Lc 8, 18).

   19. Do Servo de Deus Humilde

   Bem-aventurado o servo que, sendo louvado e exaltado pelos homens, não se considera melhor do que quando é tido por insignificante, simplório e desprezível. Porque o homem vale o que é diante de Deus e nada mais. Ai do religioso que, enaltecido pelos outros, em sua obstinação não quer mais descer. E bem-aventurado o servo que não é por sua vontade enaltecido e que continuamente deseja ser posto debaixo dos pés dos outros.

   20. Do Religioso Autêntico e do Fictício

   Bem-aventurado o religioso que não sente prazer nem alegria senão nas santas palavras e obras do Senhor e por elas conduz os homens em júbilo e alegria ao amor de Deus. E ai do religioso que se deleita com palavras ociosas e fúteis e, por esse meio, leva os homens a dar risadas. 

   21. Do Religioso Frívolo e Loquaz

   Bem-aventurado o servo que não fala por interesse de recompensa nem manifesta tudo o que pensa nem é "precipitado no falar" (Prov 29, 30), mas calcula antes sabiamente o que deve dizer e responder. Ai do religioso que não conserva no fundo do seu coração (cf. Lc 2, 25) os bens com que o Senhor o favorece e aos outros não os manifesta por suas obras, mas antes, na esperança de alguma recompensa, procura mostrá-los aos homens por palavras. E esta será toda sua recompensa, e os seus ouvintes colherão pouco fruto. 

   22. Da Reta Correção

   Bem-aventurado o servo que recebe as advertências, acusações e repreensões dos outros com tanta paciência como se proviessem dele mesmo. Bem-aventurado o servo que, repreendido, de boa mente se submete, com respeito obedece, humildemente reconhece sua culpa, voluntariamente oferece reparação. Bem-aventurado o servo que não procura logo escusar-se e com humildade suporta vergonha e repreensão por uma falta que não cometeu.

   23. Da Verdadeira Humildade

   Bem-aventurado o servo que for achado tão humilde no meio de seus súditos como se estivesse no meio de seus senhores. Feliz do servo que sempre permanece firme sob a vara da correção. "Servo fiel e prudente" (Mt 24, 45) é o servo que em todas as suas faltas não tarda em castigar-se, interiormente pela contrição e exteriormente pela confissão e obras de reparação. 

   24. Da Verdadeira Caridade

   Bem-aventurado o servo que ama ao seu confrade enfermo, que não lhe pode ser útil, tanto como ao que tem saúde e está em condições de lhe prestar serviços. 

   25. Ainda Sobre o Mesmo Assunto

   Bem-aventurado o servo que tanto ama e respeita o seu confrade quando está longe como se estivesse perto nem diz na ausência dele coisa alguma que não possa dizer na sua presença sem lhe faltar à caridade. 

S. FRANCISCO DE ASSIS: Palavras de Santa Exortação a Todos os Irmãos - ( VI )

   26. Que os Servos de Deus Honrem os Clérigos

   Bem-aventurado o servo de Deus que põe a sua confiança nos clérigos que na verdade vivem segundo a forma da santa Igreja romana. Ma ai daqueles que os desprezam! Pois nem que eles sejam pecadores, ninguém os deve julgar porque o Senhor mesmo reservou para si o direito de julgá-los. Porquanto na medida que excede a tudo a administração que eles exercem sobre o santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, que eles recebem e só eles podem ministrar aos outros, em idêntica medida é maior o pecado daqueles que cometem falta contra eles do que o pecado cometido contra qualquer outro homem deste mundo. 

   27. Das Virtudes que Afugentam os Vícios

   Onde há caridade e sabedoria, não há medo nem ignorância. 
   Onde há paciência e humildade, não há ira nem perturbação.
   Onde à pobreza se une a alegria, não há cobiça nem avareza.
   Onde há paz e meditação, não há nervosismo nem dissipação.
   Onde o temor de Deus está guardando a casa (cf. Lc 11,21), o inimigo não encontra porta para entrar. 
   Onde há misericórdia e prudência, não há prodigalidade nem dureza de coração. 

   28. De como se Deve Esconder o Bem para não Perdê-lo

   Bem-aventurado o servo que "entesoura no céu" (Mt 6, 20) os bens que o Senhor lhe concede e não procura manifestá-los ao mundo na esperança de ser recompensado, pois o próprio Altíssimo manifestará as suas obras a todos quantos lhe aprouver. Bem-aventurado o servo que guarda em seu coração os segredos do Senhor.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O Maná - Figura do Sacramento Eucarístico - ( 2 )

   Como o Maná, a Eucaristia "contém igualmente toda a suavidade e doçura: "Omne delectamentum in se habentem". 
   Nada tão alegre como um banquete. A comunhão é o banquete da alma, isto é, fonte de íntimas alegrias. Como é que Jesus Cristo, verdade e vida, princípio de todo o bem e de toda felicidade, não havia de encher os nossos corações de alegria? Como é que, fazendo-nos beber do cálice do Seu Sangue divino, não havia de derramar em nossas almas aquela alegria espiritual que excita a caridade e sustenta o fervor? No Cenáculo, depois de instituir este divino Sacramento, fala aos Apóstolos da Sua alegria: quer que "esta alegria, a Sua própria alegria, toda divina, seja a nossa, e que dela se encham os nossos corações: "Para que minha alegria esteja em vós" (São João XV, 11). Um dos efeitos da Eucaristia, quando recebida com devoção, é encher a alma de suavidade sobrenatural que a torna pronta e dedicada no serviço de Deus.

   Não esqueçamos, no entanto, que esta alegria é antes de tudo espiritual! Sendo a Eucaristia o "mistério de fé" por excelência, segue-se permitir Deus que esta alegria, toda interior, não tenha repercussão alguma na parte sensível do nosso ser. Sucede a almas deveras fervorosas ficarem acabrunhadas pela aridez depois de terem recebido o pão da vida. Não se admirem; sobretudo não desanimem; se tiverem todas as disposições possíveis para receber a Cristo, se sofrerem com a sua impotência, fiquem tranquilas e conservem-se em paz. Jesus Cristo, sempre vivo, opera em silêncio, mas soberanamente, no íntimo da alma, para a transformar n'Ele; é o efeito mais precioso deste alimento celeste: "Aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele" (São João XI, 57). 

O Maná - Figura do Sacramento Eucarístico ( I )

   Continuação do Post anterior

   Se considerarmos agora a Eucaristia como Sacramento, descobriremos nela propriedades admiráveis de que só um Deus a podia dotar. 
   Os principais acontecimentos da história do povo judeu, no Antigo Testamento, eram o símbolo, umas vezes oculto, obscuro, outras patente, luminoso, das realidades que deviam iluminar a Nova Aliança estabelecida por Cristo. Ora, segundo as próprias palavras de Nosso Senhor, uma das figuras mais características da Eucaristia foi o maná. Com particular insistência, o divino Salvador estabelece comparações entre este alimento que caiu do céu para sustentar os hebreus no deserto e o pão eucarístico que Ele devia dar ao mundo. E assim, será partilhar dos sentimentos de Cristo estudar a figura e o símbolo, para melhor compreender a sua realidade.
   Eis, pois, em que termos o escritor sagrado, órgão do Espírito Santo, fala do maná: "Saciastes, ó Deus, o Vosso povo com o alimento dos Anjos, e do céu deste-lhe sem trabalho um pão já preparado, que lhe proporcionava inteiro prazer e satisfazia todos os gostos. Esta substância, por Vós enviada, mostrava a doçura que tendes para os Vossos filhos, e este pão, acomodando-se ao desejo de quem o comia, transformava-se no que ele quisesse" (Sab. XVI, 20-21).
   A Igreja tomou estas magníficas palavras para as aplicar à Eucaristia no Ofício do Santíssimo Sacramento. Vamos ver com que verdade e plenitude elas exprimem as propriedades do alimento eucarístico; vamos ver com quanto maior razão podemos cantar da sagrada Hóstia o que o autor inspirado cantava do maná.

   Como o maná, a Eucaristia é alimento, mas alimento espiritual. Foi no meio dum banquete, sob forma de alimento, que Nosso Senhor a quis instituir. Jesus Cristo dá-se a nós como alimento das nossas almas: "A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue verdadeira bebida" (João VI, 56). 
   Como o maná, a Eucaristia é um pão descido do céu. O maná, porém, não passava de figura imperfeita; por isso, Nosso Senhor dizia aos judeus que Lhe recordavam o prodígio do deserto: "Moisés não vos deu o pão do céu; meu Pai é quem dá o verdadeiro pão do céu, porque o pão de Deus é Aquele que desce do céu e que dá a vida, não só a um povo em particular, mas a todos os homens". 
   E como os judeus murmurassem ao ouvirem-No chamar-se a si próprio "pão descido do céu", Jesus acrescenta: "Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná e morreram; este é o pão que desce dos céu para que quem o comer não morra. Eu sou o pão vivo que desci do céu; se alguém comer deste pão viverá eternamente". Estas palavras são verdadeiras. Porque, de fato, esse pão deposita em nossos corpos o germe de ressurreição. "E este pão que eu darei é a minha carne para vida do mundo" (São João VI, 32-33, 48-52). 
   Vede como Nosso Senhor mesmo nos mostra, nestas palavras, que a divina realidade da Eucaristia excede em plenitude, na sua substância e nos seus frutos, o alimento dado outrora ao povo judeu. 

sábado, 27 de setembro de 2014

A COMUNHÃO - O MODO - A OBRIGAÇÃO - A COMUNHÃO ESPIRITUAL

O MODO DE COMUNGAR
   Quando vamos comungar, devemos ir recolhidos. Ajoelharmo-nos e levantar um pouco a cabeça; ter os olhos modestos e voltados para a Sagrada Hóstia. Abramos suficientemente a boca e estendamos um pouco a língua sobre o lábio inferior. Devemos estar de joelhos e de mãos postas.
   A patena que o ajudante segura sob o queixo é para receber a partícula ou algum fragmento que por acaso cair das mãos do Sacerdote.
   Deve-se procurar engolir a sagrada partícula o mais depressa possível e abster-se por algum tempo de cuspir.
   Se a partícula se pegar aos céu da boca, despregue-se reverentemente com a língua e nunca com o dedo.

OBRIGAÇÃO DA COMUNHÃO
   1) O terceiro Mandamento da Igreja nos obriga a COMUNGAR AO MENOS UMA VEZ NO ANO, PELA PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO.  O tempo útil para cumprir o dever pascal é o próprio Tempo Pascal, isto é, desde a Quinta-feira Santa até a Festa de Pentecostes. Por justa causa, este preceito pode ser cumprido em outro tempo dentro do ano.
   Todos os cristãos que atingiram a idade do uso da razão estão obrigados a cumprir este preceito.
   Quem fizer comunhão sacrílega não cumprirá o preceito, porque a intenção da Igreja é que se receba o Sacramento para o fim por que foi instituído, isto é, para nossa santificação.

COMUNHÃO FREQÜENTE
   Quando a Santa Igreja nos obriga a comungar ao menos uma vez por ano, ela nos dá a conhecer que seu desejo é que comunguemos mais freqüentemente. A alma não tem menos necessidade de alimento espiritual, que o corpo de sustento material. Ora, alimentamos o corpo todos os dias. Será que nossa alma conservará a fortaleza contra as tentações e conseguirá o desenvolvimento da vida sobrenatural, com uma única comunhão no ano? Comunguemos freqüentemente. Ter, no entanto, o cuidado de comungar com reta intenção para não cair na rotina.
   Não se pode dar a todos uma norma determinada. Mas tenhamos por muito certa a norma de Santo Agostinho: "FAZE POR VIVER DE TAL MODO, QUE POSSAS COMUNGAR TODOS OS DIAS".

COMUNHÃO ESPIRITUAL
   Comunhão espiritual é um desejo ardente de receber Nosso Senhor presente na Eucaristia, sem que, todavia, se realize este desejo.
   Consta de três atos:
   a) Ato de fé na Presença Real.
   b) Recordação dos benefícios espirituais que Nosso Senhor nos conseguiu pela Sua Paixão e que nos concede na Sagrada Comunhão.
   c) Ato de caridade, unido à vontade de recebê-Lo na Comunhão Sacramental.
   Fórmula para a Comunhão Espiritual: "Ó meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Adoro-Vos e Vos dou graças por todos os benefícios que me tendes concedido, especialmente porque Vos destes a mim neste Sacramento. Desejo possuir-Vos na minha alma. E como não posso nesta hora receber-Vos sacramentalmente, vinde ao menos espiritualmente ao íntimo do meu coração. Inflamai o meu coração de amor por Vós!"

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

CATECISMO DO SANTO CURA D'ARS SOBRE A COMUNHÃO FRËQÜENTE

   Meus filhos, todos os seres da criação precisam alimentar-se para viver: foi por isso que Deus fez crescer as árvores e as plantas; é uma mesa bem servida, onde todos os animais vêm tomar cada um o alimento que lhe convém. Mas é preciso que a alma também se alimente. Onde está então o alimento dela? Meus filhos, quando Deus quis dar um alimento à nossa alma para sustentá-la na peregrinação da vida, passeou o olhar sobre a criação e não achou nada que fosse digno dela. Então dobrou-se sobre si mesmo e resolveu dar-se... Ó minha alma! como és grande, já que só Deus é que te pode contentar!... O alimento da alma é o corpo e o sangue de um Deus!. Ó belo alimento! A alma só pode alimentar-se de Deus! Só Deus lhe basta! Só Deus pode enchê-la! Só Deus pode matar a fome! É-lhe preciso absolutamente o seu Deus!... Que felizes são as almas puras que têm a dita de se unirem a Nosso Senhor pela comunhão! No céu, elas brilharão como belos diamantes, porque Deus se verá nelas. Há em todas as casas um lugar onde se conservam as provisões da família: é a copa. A igreja é a casa das almas; é a nossa casa, de nós que somos cristãos. Pois bem! Nessa casa há uma copa. Vedes o tabernáculo? Se se perguntasse às almas dos cristãos: Que é aquilo? Vossas almas responderiam: "É a copa".
   Não há nada tão grande, meus filhos, como a Eucaristia! Ponde todas as boas obras do mundo contra um comunhão bem feita; será como um grão de pó diante duma montanha. Fazei um pedido quando tiverdes a Deus no vosso coração; Deus nada vos poderá recusar se lhe oferecerdes seu Filho e os merecimentos de sua santa morte e paixão.
   Meus filhos, se se compreendesse o preço da sagrada comunhão, evitar-se-iam as menores faltas para ter a felicidade de fazê-la mais amiúde. Conservar-se-ia a própria alma sempre pura aos olhos de Deus. Reparai, meus filhos, supondo que vos tenhais confessado hoje; haveis de velar sobre vós mesmos; ficareis contentes com o pensamento de que amanhã tereis a ventura de receber o bom Deus no vosso coração... Amanhã, tão pouco, podereis ofender a Deus; vossa alma estará toda embalsamada do sangue precioso de Nosso Senhor... Ó bela vida!!!
   Ó meus filhos, como será bela na eternidade uma alma que tiver recebido freqüente e dignamente o bom Deus! O Corpo de Nosso Senhor brilhará através do nosso corpo, seu Sangue adorável através do nosso sangue; nossa alma ficará mais unida à alma de Nosso Senhor durante toda a eternidade... Será lá que ela gozará de uma felicidade pura e perfeita!...Meus filhos, quando uma alma que recebeu Nosso Senhor entra no paraíso, aumenta a alegria do céu. Os anjos e a Rainha dos anjos vêm ao encontro dela, porque reconhecem o Filho de Deus nessa alma. É então que ela se indeniza das penas e dos sacrifícios que tiver suportado durante a vida.
   Meus filhos, sabe-se quando uma alma recebeu dignamente o sacramento da Eucaristia. Ela fica tão mergulhada no amor, tão penetrada e mudada, que não a reconhecem mais nas suas ações, nas suas palavras... É humilde, é mansa, é mortificada, é caridosa, é modesta, harmoniza-se com todos. É uma alma capaz dos maiores sacrifícios; enfim não é mais reconhecível.
   Ide pois à comunhão, meus filhos, ide a Jesus com amor e confiança! Ide viver d'Ele, a fim de viver por Ele! Não digais que tendes demasiado que fazer. O Divino Salvador não disse: "Vinde a mim vós que trabalhais e estais sobrecarregados... vinde a mim, e eu vos aliviarei?" Poderíeis resistir a um convite tão cheio de ternura e amizade? - Não digais que não sois dignos. É verdade, não sois dignos, mas precisais d'Ele. Se Nosso Senhor tivesse tido em mira a nossa dignidade, nunca teria instituído o seu belo sacramento de amor; porque ninguém no mundo é digno d'Ele, nem os santos, nem os anjos, nem os arcanjos, nem a Santíssima Virgem... Mas Ele teve em mira as nossas necessidades, e nós todos precisamos d'Ele. - Não digais que sois pecadores, que tendes demasiadas misérias e que é por isto que não ousais aproximar-vos d'Ele. Eu gostaria outro tanto de vos ouvir dizer que estais demasiado doentes, e que é por isto que não quereis tomar remédio, nem chamar o médico...
   Todas as orações da Missa são uma preparação para a comunhão; e toda a vida de um cristão deve ser uma preparação para essa grande ação.
   Devemos trabalhar por merecer receber a Nosso Senhor todos os dias. Como deveríamos ficar humilhados quando vemos os outros irem à santa mesa, e nós ficarmos imóveis no nosso lugar! Como é feliz o anjo custódio que conduz uma bela alma à santa mesa! Na primitiva Igreja, comungava-se todos os dias.
  A comunhão espiritual faz à alma como um sopro de fole num fogo que começa a apagar-se, mas onde há ainda muita brasa: sopra-se, e o fogo se reanima. Depois da recepção dos sacramentos, quando sentimos o amor de Deus esmorecer, depressa a comunhão espiritual!... Quando não pudermos vir à igreja, volvamo-nos para a banda do tabernáculo. O bom Deus não tem parede que o detenha. Digamos cinco Pai-Nossos e cinco Ave-Marias para fazer a comunhão espiritual... Nós só podemos receber a Deus uma vez por dia; uma alma abrasada de amor supre a isso pelo desejo de recebê-lo a cada instante.
   Ó homem como és grande!... alimentado e abeberado do sangue de um Deus! Oh! que doce vida essa vida de união com Deus! é o paraíso na terra: não há mais cruzes! Quando tendes a ventura de receber o bom Deus, sentis durante algum tempo um gozo, um bálsamo no coração!.. As almas puras são sempre assim; por isto essa união lhes faz a força e a ventura.
   Meus filhos, as pessoas que recebem a sagrada comunhão no momento da morte são bem felizes! No juízo particular, que se faz imediatamente após a morte, Deus Pai vê Seu Filho nelas; não pode condená-las ao inferno. Oh! não... Vede, meus filhos, como é vantajoso receber os últimos sacramentos!

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

CATECISMO DO SANTO CURA D'ARS SOBRE A COMUNHÃO

   Nosso Senhor disse:"Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, Ele vos concederá". Jamais teríamos pensado em pedir a Deus seu próprio Filho. Mas aquilo que o homem não poderia imaginar, Deus o fez. Aquilo que o homem não pode dizer nem conceber, e que nunca se atreveria a desejar, Deus nos seu amor, disse-o, concebeu-o e executou-o. Ousaríamos nós jamais dizer a Deus que fizesse morrer seu Filho por nós, que nos desse sua carne a comer e seu sangue a beber? Se tudo isso não fosse verdadeiro, o homem poderia então imaginar coisas que Deus não pode fazer; teria ido mais longe que Deus nas invenções do amor?... Não é possível.
   Sem a divina Eucaristia, não haveria felicidade neste mundo, a vida não seria suportável. Quando recebemos a sagrada comunhão, recebemos a nossa alegria e a nossa felicidade.
   O bom Deus, querendo dar-se a nós no sacramento do seu amor, deu-nos um desejo vasto e grande que só Ele pode satisfazer... Ao lado deste belo sacramento nós somos como uma pessoa que morre de sede ao lado dum córrego; entretanto, teria só que curvar a cabeça!... Como uma pessoa que fica pobre ao lado dum tesouro; entretanto teria só que estender a mão!
   Aquele que comunga perde-se em Deus como uma gota d'água no Oceano. Não se pode mais separá-los. Se pensássemos bem nisto, haveria razão para nos perdermos pela eternidade nesse abismo de amor!...
   No dia do juízo ver-se-á brilhar a carne de Nosso Senhor, através do corpo glorificado daqueles que o tiverem recebido dignamente na terra, como se vê brilhar ouro em cobre ou prata em chumbo.
   Quando acabamos de comungar, se alguém nos dissesse: "Que é que levais convosco para casa?" poderíamos responder: "Levo o céu". Um santo dizia que nós éramos uns Porta-Deuses. É bem verdade, mas nós não temos bastante fé. Não compreendemos a nossa dignidade. Saindo da mesa santa, somos tão felizes quanto os magos, se pudessem ter levado consigo o Menino Jesus.
   Tomai um vaso cheio de licor e tampai-o bem: conservareis o licor enquanto quiserdes. Assim também, se conservásseis bem Nosso Senhor no recolhimento, depois da comunhão, sentiríeis por muito tempo esse fogo devorador que inspiraria ao vosso coração um pendor para o bem e uma repugnância para o mal.
   Quando temos a Deus em nosso coração, deve este ficar bem ardente. O coração dos discípulos de Emaús ardia só de ouvi-Lo. 
   Não gosto, quando alguém vem da mesa sagrada que se ponha imediatamente a ler. Oh! não; de que serve a palavra dos homens quando é Deus que fala? ... Deve-se fazer como alguém que é bem curioso e que escuta às portas. Deve-se escutar tudo o que o bom Deus diz à porta do nosso coração.
   Quando haveis recebido a Nosso Senhor, sentis vossa alma purificada, que se banha no amor de Deus.
   Quando se faz a sagrada comunhão, sente-se qualquer coisa de extraordinário, um bem-estar que percorre todo o corpo, e se espalha até às extremidades. Que é este bem-estar? É Nosso Senhor que se comunica a todas as partes do nosso corpo e as faz palpitar. Somos obrigados a dizer, como São João: "É o Senhor!" Os que não sentem completamente nada são bem para lastimar!...

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

SACRAMENTO DA SANTÍSSIMA EUCARISTIA: ALGUMAS QUESTÕES

   1ª - Se Nosso Senhor Jesus Cristo disse: "Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu Sangue, não tereis a vida em vós" - por que os fiéis só comungam a hóstia consagrada?
   R. - A hóstia antes da consagração é pão.
          Depois da consagração é o verdadeiro Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo.
          No cálice, antes da consagração, está o vinho.
          No cálice, depois da consagração, está o verdadeiro Sangue de Nossos Senhor Jesus Cristo.
   Mas Jesus Cristo está todo inteiro tanto na Hóstia como no Cálice porque na Eucaristia está vivo e imortal como no céu; por isso, onde está o seu Corpo, está também o Seu Sangue, Alma e Divindade; e onde está o Seu Sangue, aí está também o seu Corpo, Alma e Divindade. sendo tudo isto inseparável depois da Ressurreição.
   Portanto, o fiel que comunga apenas sob a espécie de pão, recebe Jesus todo inteiro, Corpo. Sangue, Alma e Divindade.
   A comunhão debaixo das duas espécies não é de preceito divino nem eclesiástico. O Concílio de Trento proibiu a comunhão sob a espécie de vinho por causa dos inconvenientes que ela apresentava, dentre os quais o perigo de derramar o Precioso Sangue. Atualmente, a Igreja permite a comunhão sob as duas espécies só em circunstâncias muito especiais.

   2ª - Como podem permanecer as espécies do pão e do vinho sem a substância própria?
          R. As espécies do pão e do vinho permanecem, após a consagração, pelo poder de Deus onipotente.

   3ª - Quando se parte a hóstia consagrada, parte-se também o corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo?
           R. Não; quando se parte a hóstia , não se parte o Corpo de Jesus Cristo, mas partem-se somente as espécies sacramentais.

   4ª - Em que parte da hóstia está o Corpo de Jesus Cristo?
         R. O Corpo de Jesus Cristo está todo inteiro em toda a hóstia e em toda e qualquer parte da hóstia.

   5ª - Por que motivo se conserva a Eucaristia, ou o Santíssimo Sacramento nas igrejas?
         R. O Santíssimo Sacramento se conserva nas igrejas, para ser visitado e adorado pelos fiéis e levado aos doentes, em caso de necessidade.

   Quando Jesus Cristo está na Hóstia, não deixa de estar no céu, mas acha-se ao mesmo tempo no céu e no Santíssimo Sacramento.

   Jesus Cristo está em todas as Hóstias consagradas no mundo.

   Jesus Cristo está em uma Hóstia grande tanto como em uma Hóstia pequena.

   O culto que prestamos ao Santíssimo Sacramento é um culto latrêutico, isto é, um culto absoluto de adoração, porque a Eucaristia contém realmente o próprio Jesus Cristo.

   6ª - Quem deu tanto poder às palavras da Consagração?
          R. Foi Jesus Cristo que deu tanto poder às palavras da Consagração, porque Ele é Deus onipotente, e foi quem primeiro as pronunciou na Última Ceia.

   7ª - Por que cremos que no Santíssimo Sacramento da Eucaristia está realmente Jesus Cristo?
         R. Cremos porque Ele mesmo o disse e assim o ensina a Santa Madre Igreja.

  

  

terça-feira, 9 de setembro de 2014

A SANTÍSSIMA EUCARISTIA: EFEITOS E MINISTRO

   Os principais efeitos que a Comunhão produz em nós são estes:
   1º - EFEITOS NA ALMA: a) Conserva e aumenta a vida da alma, que é a graça santificante. Dá-nos, portanto, a graça santificante segunda.
                                                 b) Transforma-nos em Jesus Cristo e faz-nos viver de Sua vida, levando-nos a proceder de conformidade com seus desejos. A Eucaristia é o pão da vida, o alimento da alma. Realiza na vida espiritual o que o alimento material realiza na vida corporal. Sustenta e desenvolve a vida da alma. Longe de transformar o alimento em nossa substância, o contrário é que se dá: somos por ele divinizados. A Eucaristia nos dá o fervor da caridade, pelo qual a alma se transforma em Jesus Cristo, na adesão cada vez maior a Ele, na generosidade em evitar o que Lhe desagrada e procurar sempre mais o que Lhe agrada. "Quem come a Minha Carne e bebe o Meu Sangue, permanece em Mim e Eu nele". - Estreitam-se os laços da caridade cristã entre os que participam do mesmo banquete divino.
   Ainda mais. O alimento da Eucaristia dá novas forças à alma, faz com que o espírito se deixe atrair cada vez mais pelo gozo das coisas divinas. Com fundamento pode ser comparado ao  MANÁ, no qual se experimentava a suavidade de todos os sabores.
                                                 c) A Eucaristia apaga os pecados veniais. Sendo memorial da Paixão do Senhor, Ela nos aplica os frutos da Redenção. O pecado venial tira a pujança da graça. A Eucaristia reforça o fervor. Portanto, o que a alma perde com as pequenas faltas, a Eucaristia restitui destruindo os pecados veniais.
                                                 d) Preserva-nos do pecado mortal: porque nos torna capazes de lutar contra os ataques do demônio e das paixões até alcançarmos a vitória.

   2º - EFEITOS NO CORPO: a) Moderação da concupiscência. A Sagrada Comunhão refreia e modera a concupiscência da carne, aquela inclinação que temos para o pecado, proveniente das nossas faltas passadas. A Comunhão nos conduz ao domínio do espírito sobre a carne, da virtude sobre o pecado.
                                                b) Além de ser, para a alma, penhor de imortalidade gloriosa, a Eucaristia é, para o corpo, segurança da ressurreição futura. "O que come a Minha Carne e bebe o Meu Sangue - diz Nosso Senhor - tem a vida eterna e Eu o ressuscitarei no último dia". A vida eterna não é senão a continuação e o remate da vida da graça. Ora, nenhum Sacramento é mais eficaz do que a Eucaristia, para conservar e desenvolver em nós a graça santificante. Logo, ela é, acima da todos, a garantia da nossa eterna salvação.

MINISTRO DA EUCARISTIA
   Devemos distinguir o MINISTRO QUE CONSAGRA no Santo Sacrifício da Missa, e o MINISTRO QUE DISTRIBUI A COMUNHÃO. Do primeiro, falaremos mais tarde. Trataremos aqui do que distribui a Eucaristia.
   A - O ministro ORDINÁRIO da Comunhão é só o padre.
   B - O ministro EXTRAORDINÁRIO  da Comunhão é o diácono, que pode distribuí-la desde que tenha licença do Bispo ou do vigário da Paróquia. (Estamos falando da Liturgia Tradicional, que é a que seguimos na Administração Apostólica, aprovada pelo Santo Padre).

   QUE É COMUNGAR?
   R. Comungar é receber Nosso Senhor Jesus Cristo no Sacramento da Eucaristia.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O SACRAMENTO DA CRISMA

   I - NOÇÃO.
                         O homem é regenerado pelo Batismo. Adquire uma nova vida na água e no Espírito Santo". Que lhe falta? O mesmo que falta a uma criança recém-nascida: o crescimento. O sacramento do crescimento cristão, da plenitude espiritual é a Crisma.
  
   A CRISMA É UM SACRAMENTO QUE NOS DÁ O ESPÍRITO SANTO, IMPRIME EM NOSSA ALMA O CARÁTER DE SOLDADOS DE JESUS CRISTO E NOS FAZ PERFEITOS CRISTÃOS.

   II - EFEITOS.
                          1º) A Crisma é sacramento de vivos; por isso não dá a graça primeira, porém aumenta, aperfeiçoa a graça recebida no Batismo ou recuperada na Penitência.
                          2º) A graça sacramental própria é uma graça de fortalecimento que nos dá auxílios permanentes para sermos corajosas testemunhas de Jesus Cristo. Por isso a Crisma é também chamada CONFIRMAÇÃO.
                          3º) A Crisma robustece em nós as virtudes infusas que recebemos no Batismo. Além disso, confere maior abundância de dons do Espírito Santo, de modo especial o dom da Fortaleza que vem aprimorar a virtude cardeal da fortaleza cristã.
                                Embora já tenhamos recebido no Batismo, o Divino Espírito Santo e seus sete Dons, a Crisma chama-O a vir habitar em nós de modo mais íntimo e eficaz. O Batismo é geração sobrenatural; a Crisma confere a virilidade cristã.
                         4º) Enfim, a Confirmação imprime na alma o caráter indelével de soldado de Jesus Cristo. Daí não poder ser repetido, reiterado. O caráter da Crisma nos consagra interiormente como templos do Espírito Santo e nos dá o poder de testemunhar Jesus Cristo e sua Igreja, pela profissão pública de nossa fé pelo fervor e bom exemplo de nossa vida pessoal, pela prática das virtudes, pela demonstração de nossas convicções religiosas, se necessário for, até o martírio.

   III - MATÉRIA E FORMA.
                            a) A matéria remota do Sacramento da Crisma é o ÓLEO DO CRISMA, mistura de azeite de oliveira e bálsamo oriental, que o Bispo consagra na Quinta-feira Santa. A matéria próxima é, além da imposição das mãos, a unção, em forma de cruz, que o Bispo faz com o Santo Crisma na fronte da pessoa que recebe o Sacramento.
                            b) A forma do Sacramento da Crisma é esta: "EU TE ASSINALO COM O SINAL DA  CRUZ, E TE CONFIRMO COM O CRISMA DA SALVAÇÃO, EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO."

   IV - MINISTRO.
                              O ministro ordinário da Crisma é o Bispo.
Por delegação do Papa, o padre pode ser ministro extraordinário. No Brasil, por exemplo, os párocos, no impedimento do Bispo, podem conferir a Crisma a seus paroquianos gravemente enfermos.

   V - NECESSIDADE.
                               A Crisma não é necessária por necessidade de meio, já que o Batismo perdoa todos os pecados e dá a vida sobrenatural. Mas não se deve descuidar de recebê-lo, quando possível. Seria até pecado recusar-se a recebê-la: seria privar-se deste acréscimo de vida sobrenatural e contrariar abertamente a vontade de Nosso Senhor e da Santa Igreja.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A INSTITUIÇÃO DA CRISMA

   I - QUANDO FOI INSTITUÍDA?  Não sabemos ao certo quando Jesus instituiu a Crisma. Alguns colocam a instituição deste Sacramento também no dia do Batismo de Jesus no Jordão. Jesus Cristo foi ungido pelo Espírito Santo, desde a Encarnação. No Jordão houve, entretanto, nova unção do Espírito Santo, para manifestar publicamente a tríplice missão de Jesus: como Sacerdote, como Rei e como Profeta. É possível que nesse momento tenha Jesus instituído o Sacramento da Confirmação, como complemento do Batismo.
   Outros preferem a opinião de que a instituição teria sido quando Nosso Senhor prometeu o Espírito Santo. (S. Luc. XXIV, 49 - S. Jo. XIV, 15-17).
   Em qualquer hipótese, a IGREJA, guiada pelo Espírito Santo, desde o princípio, pelo Seu ensinamento e Sua prática, nos assegura e atesta a instituição divina deste Sacramento.

   II - PRÁTICA DA IGREJA. -  Os Atos dos Apóstolos nos referem a existência de um rito sagrado que confere o Espírito Santo, distinto do Batismo. "Descendo à cidade de Samaria, Filipe pregava-lhes a respeito de Cristo. As multidões ficavam atentas ao que Filipe lhes dizia, escutando-o em união de sentimentos e presenciando os milagres que realizava. (...) Quando acreditaram em Filipe, que lhes anunciava o reino de Deus  e o nome de Jesus Cristo, homens e mulheres receberam o batismo. (...) Quando os Apóstolos, que estavam em Jerusalém, souberam que a Samaria tinha recebido a palavra de Deus, enviaram para lá PEDRO E JOÃO. Estes desceram e rezaram por eles, PARA QUE RECEBESSEM O ESPÍRITO SANTO, pois ainda não descera sobre nenhum deles. Tinham somente sido BATIZADOS em nome do Senhor Jesus. IMPUNHAM-LHES AS MÃOS E ELES RECEBIAM O ESPÍRITO SANTO." (Atos, VIII, 5-17).
   Nestes versículos encontramos uma demonstração clara da existência do Sacramento da Confirmação, independente do Sacramento do Batismo. O Batismo fora administrado pelo diácono Filipe. A imposição das mãos, para receberem o Espírito Santo, foi feita pelos Apóstolos Pedro e João.

   Outro trecho dos Atos: "Paulo chegou a Éfeso. Encontrou ali alguns discípulos e perguntou-lhes: Recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a fé? Responderam: Mas nem sequer ouvimos dizer que existe Espírito Santo. Perguntou-lhes: Qual foi, então, o batismo que recebestes? O batismo de João, responderam. E Paulo explicou-lhes: João batizou com o batismo de penitência, dizendo ao povo que cresse naquele que viria depois dele, isto é, em Jesus. Ouvindo isto, foram batizados em nome do Senhor Jesus. E quando PAULO LHES IMPÔS AS MÃOS , veio sobre eles o ESPÍRITO SANTO: falavam em diversas línguas e profetizavam". (Atos, XIX, 1-6).
   Mais uma vez, notamos a distinção dos dois sacramentos: o batismo e a crisma. No primeiro como no segundo trecho ficou claro também que a administração da Crisma é privilégio dos Apóstolos, isto é, dos Bispos.

   III - TRADIÇÃO. Seguindo a doutrina e a prática dos Apóstolos, os Padres da Igreja sempre ensinaram e administraram, sendo Bispos, este Sacramento. Eis o testemunho de São Cipriano: "Dois sacramentos presidem ao perfeito nascimento cristão, um regenerando o homem  - é o Batismo - o outro comunicando-lhe o Espírito Santo". (Ep. 72,1) "Os que foram batizados na Igreja, devem ser apresentados aos pastores da Igreja, a fim de que, por nosso oração e a imposição das mãos, eles recebam o Espírito Santo e sejam consumados pelo selo do Senhor". 
   Santo Urbano: "Todos os fiéis devem, depois do Batismo, receber o Espírito Santo pela imposição das mãos, a fim de se tornarem cristãos perfeitos".  

                    

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Catequese sobre os SACRAMENTOS: ( I ) - GRAÇA SACRAMENTAL E GRAÇA ATUAL.

GRAÇA SACRAMENTAL
   No outro blog (" ZELUS ZELATUS SUM") já falamos sobre a GRAÇA SANTIFICANTE. Aqui, falaremos somente da GRAÇA SACRAMENTAL E DA GRAÇA ATUAL antes de começarmos a Catequese sobre cada sacramento. 

   Todos os sacramentos, além da graça santificante, produzem também uma graça especial chamada graça sacramental, própria de cada sacramento. Já que as nossas precisões variam com a idade e as circunstâncias, os Sacramentos, instituídos de propósito para amparar a nossa fraqueza, deverão trazer a graça que corresponda à situação de nossa alma. A graça sacramental é a mesma graça santificante comum, robustecida de energias especiais, para os fins próprios de cada Sacramento.
   Portanto: GRAÇA SACRAMENTAL é o direito que se adquire de receber, em tempo oportuno, as graças atuais necessárias para cumprir as obrigações de derivam do Sacramento recebido. Assim, quando fomos batizados, adquirimos o direito de ter as graças atuais para viver cristãmente e conservar a inocência batismal.

GRAÇA  ATUAL

   GRAÇA ATUAL é um dom sobrenatural que nos ilumina a mente, move e conforta a vontade, para que façamos o bem e evitemos o mal.
   É um socorro transitório que Deus concede às faculdades da alma: inteligência e vontade. Opera sobre as nossas faculdades não para elevá-las à ordem sobrenatural, mas para fazê-las produzir atos sobrenaturais. Como a energia elétrica, a graça atual produz vários efeitos: É luz: ilumina a inteligência. É calor: aquece o sentimento. É energia: move a vontade.
   A GRAÇA ATUAL É ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIA A TODOS PARA CONQUISTAR A VIDA ETERNA. RECORDA-NOS JESUS: "SEM MIM NADA PODEIS FAZER". (S. Jo. XV, 5).
   Portanto, sem o auxílio da graça atual, o homem não pode fazer nada na ordem da salvação: nem converter-se, nem cumprir os mandamentos, nem vencer as tentações graves, nem perseverar por muito tempo nos estado de graça, nem evitar durante a vida todos os pecados, inclusive os veniais nem conseguir a perseverança final.
   ESPÉCIES DE GRAÇA ATUAL: 1) Quanto ao modo, a graça é: INTERIOR, quando Deus age diretamente na inteligência e na vontade: pensamentos bons, santos desejos, resoluções piedosas; EXTERIOR: quando atua diretamente sobre os sentidos e faculdades sensitivas e, indiretamente, atingem as faculdades espirituais: sermões, bons exemplos, boas leituras. Hoje podemos acrescentar: blogues  e sites católicos, etc.
   2) Considerando-se a hora em que aparece o socorro, a graça atual é: ANTECEDENTE: quando, antes que a vontade se resolva, já nos induz a escolhermos o bem; CONCOMITANTE: quando acompanha a obra e nos auxilia na realização do bem; SUBSEQÜENTE: quando segue o ato, para firmar e enraizar no bem nossa vontade.
   3) Considerando-se os efeitos:  a graça atual é SUFICIENTE - quando não foi correspondida, embora habilitasse perfeitamente para o bem.
  DEUS DÁ A TODOS OS HOMENS A GRAÇA SUFICIENTE PARA A SALVAÇÃO. O homem, abusando de sua liberdade, pode resistir a graça de Deus, porque esta não tira sua liberdade. Em outras palavras: Deus não força o homem, mas quer que ele ganhe o céu correspondendo livremente à graça.
   A graça atual quanto ao efeito é também: EFICAZ:  quando a alma a ela corresponde.

   De dois modos Deus nos comunica a GRAÇA: pela ORAÇÃO e pelos SACRAMENTOS.
   A oração, por meio da qual pedimos as graças a Deus é o meio impetratório. Os sacramentos que no-la conferem diretamente são meios produtivos da Graça.
   A oração é como a chave que nos abre a fonte da graça; os Sacramentos são os canais que a conduzem até nós.
   Caríssimos e amados fiéis, devemos ter muito cuidado para não resistirmos às graças de Deus. "Se ouvirdes  hoje a Sua (=de Deus) voz, não queirais endurecer os vossos corações" (Salmo XCIV, 8). Santo Agostinho dizia: "Temo a Jesus que passa e não volta mais". No domingo de Ramos Jesus passou pela última vez em Jerusalém e disse chorando: "Se pelo menos neste dia que lhe é dado,  este povo reconhecesse Aquele que lhe pode trazer a paz!". (S. Luc. XIX, 4).