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LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO! PARA SEMPRE SEJA LOUVADO!

Caríssimos e amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo! Sêde BEM-VINDOS!!! Através do CATECISMO, das HOMILIAS DOMINICAIS e dos SERMÕES, este blog, com a graça de Deus, tem por objetivo transmitir a DOUTRINA de Nosso Senhor Jesus Cristo. Só Ele tem palavras de vida eterna. Jesus, o Bom Pastor, veio para que Suas ovelhas tenham a vida, e com abundância. Ele é a LUZ: quem O segue não anda nas trevas.

Que Jesus Cristo seja realmente para todos vós: O CAMINHO, A VERDADE, A VIDA, A PAZ E A LUZ! Amém!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

AÇÃO DIVINA NO ESTABELECIMENTO DA IGREJA

Artigo extraído do TRATADO DE HISTÓRIA ECLESIÁSTICA de autoria do Padre Rivaux, V. I.

   "É impossível não reconhecer o dedo de Deus, vendo a Igreja, saída do presépio de Belém, do Calvário, do cenáculo, subir assim gloriosa ao trono dos Césares, depois de três séculos de lutas, de perseguições e de suplícios horrorosos, e apesar do grande número e poder de seus inimigos. (...).

   "No grande e porfiado combate que a filosofia travou com o cristianismo, ela foi fortemente coadjuvada por todas as paixões do coração humano. A sujeição aos sentidos produziu sempre uma grande oposição às verdades morais e intelectuais. É a eterna luta, o combate mortal da carne contra o espírito. Ora, na época em que a religião cristã apareceu sobre a terra, "o gênero humano, diz um autor, só vivia pelos sentidos. Não havia outra religião senão a volúpia; e as seitas mais severas na sua origem, degenerando brevemente de uma austeridade factícia, tinham chegado por um transtorno de ideias, que passou para a sua linguagem, a ponto de identificar a virtude com o vício. Por isso todas as paixões se arremessaram com furor contra o cristianismo. A avareza incitou contra ele os sacerdotes idólatras; o orgulho, os sábios, a política, os imperadores e seu exemplo aos povos. Numa palavra, foi o gigantesco e infernal combate de todos os vícios contra a virtude, de todas as infâmias contra a honra, de todas as seduções contra à inocência, de todas as mentiras contra a verdade, etc.

   "O que prova quanto as paixões humanas eram hostis ao cristianismo é a guerra universal e cruel que lhe declararam todas as classes da sociedade pagã Reis, povos, cortesões, filósofos, tudo o que tinha uma espada, um cetro, uma pena, algum poder, lançou-se sobre os cristãos como sobre os inimigos do gênero humano. Não respeitaram nem a idade nem o sexo; cobriram as praças públicas, as estradas, os mesmos campos e lugares desertos de instrumentos de tortura, de cavaletes, de fogueiras, de cadafalsos. Juntavam os jogos à carnificina; de todos os lados corriam a gozar da agonia e da morte dos cristãos, que eram degolados. Por espaço de trezentos anos, este bárbaro grito: Aos leões os cristãos! fez exultar de alegria uma população ébria de sangue e, durante todo esse tempo, o império romano inventou toda sorte de suplícios contra os fiéis. Foi, diz um consciencioso historiador, uma carnificina que durou séculos.

   "Que opôs a religião cristã a esses diversos e tão terríveis ataques? À arrogância dos filósofos, à sua razão cheia de orgulho e de independência, opôs a estultícia e o escândalo da cruz: são as próprias palavras de São Paulo;; porque, aos olhos dos judeus e dos pagãos, o cristianismo era uma verdadeira estultícia: era uma estultícia a pobreza, a abnegação, a fé nos mais incompreensíveis mistérios, na divindade de um homem, de um crucificado. Sim, era uma estultícia aos olhos de uma razão cega e orgulhosa; mas, para o homem esclarecido pelas luzes do céu, é, diz o grande Apóstolo, o milagre da força de Deus e a obra-prima da sua sabedoria. Como para acabar de humilhar e de confundir o orgulho dos sábios do século, Deus fez que os homens que eles mais desprezavam lhes impusessem essa doutrina revoltante. "Escolheu, diz São Paulo, as coisas mais fracas do mundo para destruir as que são grandes" O método de ensino foi tão extraordinário como a doutrina e os mestres. Desprezavam os recursos da sabedoria humana para agradar e persuadir. Falavam sem estudo nem arte. Exuberavam de gozo quando o seu ensino lhes atraia o desdém, as afrontas, a perseguição e a morte. Gloriavam-se da sua fraqueza e ignorância. Alegravam-se de ser a abjeção do mundo. Gabavam-se de não conhecer, de não saber senão a estultícia da cruz. "Glorio-me e folgo, exclamava o mais célebre dentre eles, na minha fraqueza, nas afrontas, nas perseguições e na tribulação; porque só sou forte quando pareço fraco. Deus nunca permita que eu me glorie senão na cruz de Cristo! Eu professo não saber outra coisa senão a Jesus, e Jesus crucificado" Eis aqui o que o cristianismo ofereceu à erudição e soberba da filosofia pagã. Era impossível apresentar-lhe coisa mais insensata na aparência, mais humilhante e revoltante.

   O que ele opôs a todas as paixões do coração humano, desencadeadas contra ele, não era menos capaz de a irritar. "Armado de uma cruz de madeira, diz um autor, viram-no caminhar no meio dos gozos embriagantes e das religiões dissolutas de um mundo envelhecido na corrupção. Às esplêndidas festas do paganismo, às lindas imagens de uma encantadora mitologia, à cômoda licenciosidade da moral filosófica, a todas as seduções das artes e dos lazeres, opôs o espetáculo da dor, graves e lúgubres cerimônias, as lágrimas da penitência, ameaças terríveis, tremendos mistérios, o pavoroso fausto da pobreza, o saco, a cinza e todos os símbolos de um absoluto desapego e de uma profunda consternação; porque foi isto o que o mundo pagão viu a princípio no cristianismo". "Nascidos para as alegrias celestes, diz Santo Agostinho, não devemos celebrar os prazeres mortais; pois isto é uma linguagem bárbara que o homem aprende sobre a terra, mas de que o cristão nunca deve usar" "A religião cristã, diz o P. Lacordaire, é  uma religião de crucifixão; vem do Calvário. Conhece-se que ela custou lágrimas e sangue; e, em toda parte onde há um verdadeiro cristão, deve haver penitência e circuncisão do coração". "Bem-aventurados os pobres, os que choram e os que sofrem e são injustamente perseguidos! Desgraçados aqueles que fazem consistir a sua felicidade nos prazeres deste mundo! amai os que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam. Se vos ferirem na face direita, oferecei também a outra. Todo aquele que quiser ser discípulo de Jesus Cristo renuncie a si mesmo e tome a sua cruz todos os dias. Velai e orai, Se o vosso olho direito vos servir de escândalo, arrancai-o; e, se é a vossa mão, cortai-a, etc.": eis o Evangelho. "Eu mortifico a minha carne, dizia o grande Apóstolo, e escravizo-a; porque todos os que são de Jesus Cristo crucificaram a sua própria carne e os seus apetites, etc." cumpre que a impureza nem sequer seja nomeada entre os cristãos; a cruz de Jesus Cristo deve bastar para os deliciar. Se o sensualismo deveu estremecer e revoltar-se, foi decerto ao ouvir semelhante linguagem.

   A Igreja, a todo o poder do império romano levantado contra ela, nada opôs que não fosse fraco aos olhos do mundo. Caminhando ao longo do mar da Galileia, Jesus encontrou uns pescadores enxugando as suas redes: "Vinde após mim, disse-lhes Ele, e farei que sejais pescadores de homens"; e os mandou percorrer todo o mundo: euntes docete omnes gentes. E que autoridade, humanamente falando, deu-lhes ele para isso? a autoridade de uma homem que, vivendo somente trinta e três anos, passou trinta na obscuridade, na oficina de um carpinteiro; obscuridade que desacreditou a sua própria palavra, a ponto de o impedir de converter os seus à sua doutrina, o que lhe atraiu a morte mais ignominiosa. Do alto de um patíbulo, ele deixa os seus Apóstolos, homens sem instrução nem influência, encarregados de converter o mundo pagão à adoração e partilha da sua cruz. Eles ousam tentar a empresa. A Etiópia, a Índia, a Grécia, tão sábia, e Roma, tão guerreira, receberam esses embaixadores de nova espécie. Afiguremo-nos Pedro e Paulo, com um bordão na mão, abandonando a Síria e chegando a Roma, com todas as exterioridades da mendicidade. Vendo essas elevadas torres, esses suntuosos palácios, no meio dos cantos  de triunfo, das legiões dos procônsules, que saem desses soberbos pórticos para ir dar leis ao mundo, no meio do fausto dos grandes, ao estrondo das festas, das danças  dos dissolutos prazeres da mocidade romana, perguntai a esses dois judeus que vão fazer a Roma. Nós vamos, responder-vos-ão eles, opor-nos a essas festas e a esses prazeres; pregar a humildade aos altivos Césares, a mortificação e a continência a essa brilhante e voluptuosa mocidade, e fazê-los adorar o Cristo, que acabam de crucificar na Judeia. Perguntai-lhes: que recurso têm para operar essa pasmosa revolução? Nenhuns temos. Somos uns pobres e ignorantes pescadores, e é a primeira vez que deixamos as nossas redes. Esperais ao menos que algum grande conquistador auxilie a vossa empresa? Não o esperamos. Ademais, o Mestre, que nos envia, tendo-nos visto uma vez puxar da espada para o defender, mandou-no-la embainhar e recomendou-nos que, quando nos maltratassem, nos retirássemos em paz. Mas tendes recompensas para os que vos ouvirem? Nenhuma temos que dar neste mundo; os que nos ouvirem não devem esperar, assim como nós, ser mais felizes que o nosso Mestre, que não tinha onde pousar a sua cabeça, etc.

   Se um incrédulo dos nossos dias fosse testemunha dessa conversação, teria acolhido os dois Apóstolos com o mais desdenhoso sorriso; e, se fosse poderoso, ter-lhes-ia feito vestir a túnica da ignomínia, como Herodes obrou com Jesus, e os teria entregue à irrisão de todo o império.

   "E, contudo, diz o P. Ravignan, esses doze pescadores mudaram a face do mundo, e a sua religião venceu; foi, é e dura; não devia, não podia existir nem durar, porque era loucura, e loucura contrária a todas as paixões" "Admirável contraste!, diz outro autor: no mesmo tempo, Sêneca, filósofo eloquente e rico, educa um novo imperador; e Pedro, pescador da Galileia, pobre e sem valimento, educa um novo gênero humano. O discípulo de Sêneca foi Nero; o de Pedro é o mundo cristão".

   Concluamos, pois: as ilusões e os excessos do paganismo foram coisas humanas e naturais. O cego e fatal império do maometismo é coisa humana, é o serralho e o alfanje, é a força bruta e alguns rasgos de eloquência. A bandeira hasteada por Lutero é coisa humana, é o orgulho e o amor da independência. A filosofia delirante é coisa humana também. Mas eu procuro o homem e a natureza no estabelecimento do cristianismo; mostrai-mo; a força? não; o gênio? tampouco; as paixões? ainda menos. Não há milagres no estabelecimento do cristianismo? Seja. então admitis o que é impossível, o que é inexplicável, o que é superior às forças da natureza e da humanidade. Remetei-vos ao tempo, aos lugares, aos homens, às coisas de então e direis necessariamente, com um moderno e sábio historiador dos Césares: "Quanto a mim, está demonstrado que, humanamente falando, o cristianismo não podia, não devia começar". "Ou o cristianismo se estabeleceu por milagres, dizia Santo Agostinho, e então é divino; ou se estabeleceu sem eles, e então admite-se o maior de todos os milagres", isto é, a conversão do mundo por doze pescadores desaprovados pelo céu e repelidos pelo universo. "O Evangelho, diz Bayle, pregado por homens pobres, sem estudo nem eloquência, cruelmente perseguidos e privados de todo o auxílio humano, não deixou de se estabelecer em pouco tempo por toda a terra. É este um fato que ninguém pode negar e que prova que é obra de Deus".

   Logo, por confissão de todos, o dedo de Deus está aqui. Segundo a palavra do profeta, "o Cordeiro veio a ser o Dominador, e o leão da tribo de Judá venceu". A vós, Senhor, toda a gratidão, todo o amor e toda a glória, porque a religião é obra evidentemente vossa! A Domino factum est istud!


N. B. : No Seminário um dos meus professores afirmava que o TRATADO DE HISTÓRIA ECLESIÁSTICA  de autoria do Padre Rivaux era a melhor que ele conhecia. A Editora PINUS reeditando esta obra monumental, prestou um grandioso serviço à Santa Igreja e consequentemente às almas. Assim, aconselho que, quem puder, adquira esta obra em três volumes. 

   

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